O Jeep CJ-5 no Brasil
Por James Garcia
Consultoria técnica e ilustrações Angelo Meliani
Na primeira metade da década de 40, eram tempos dos bondinhos, calhambeques e jardineiras. Estradas, avenidas, asfalto, todos esses “luxos” eram realidade em apenas alguns lugares das grandes capitais. Foi nessa época que o Jeep começou a aportar por aqui, e sem exagero, pode-se dizer que o carismático 4×4 norte-americano – um dos grandes mitos do automobilismo mundial -, foi um dos responsáveis pela grande transformação que mudou a face do nosso País.
A 2ª Guerra Mundial ainda fazia suas vítimas, quando os primeiros Jeep Willys e Ford começaram a chegar ao Brasil. Sua missão era equipar o nosso exército, que fazia parte do bloco dos países aliados.
Naquele tempo, os jipes militares eram trazidos da Itália, mas a partir de 1946 chegavam diretamente dos Estados Unidos. Após o término do conflito todos os Jeep vinham parcialmente desmontados da América do Norte.
Foi assim com todos os CJ-2A (1945/1949), CJ-3A (1948/1953), CJ-3B (1952/1964) e CJ-5 (1954/1969), até o ano de 1957. Um fato curioso é que no porto de Santos – local de desembarque dos carros importados -, os Jeep tinham seus pára-brisas pintados de preto. Nunca se soube o motivo certo dessa medida, mas consta que isso só aconteceu em nosso país. O restante do carro era mantido original.
Em 1951, a Willys começa a fabricar o Jeep no Brasil e em 26 de abril de 1952 é fundada a Willys Overland do Brasil é fundada em 26/04/1952, empresa que deu continuidade, e ampliou, o processo iniciado no ano anterior. Em agosto de 1957, a Willys apresenta o Jeep Universal modelo nacional, com 65% de seus componentes nacionalizados. No final de 1958 para 1959, começam a ser fabricados os primeiros CJ-5 totalmente brasileiros. É de se notar o fato de que os primeiros CJ-5 possuíam o desenho da caixa de rodas traseira em formato redondo, idêntico ao dos Jeep norte-americanos.
Ao contrário do que muitos pensam, nem todo CJ-5 do final dos anos 50, dotado de caixa de rodas redonda, é importado. Nessa mesma época, os motores 6 cilindros BF-161 passam a substituir os antigos “Hurricane” de 4 cilindros. Nesses já distantes anos 50, fabricar um carro inteiramente nacional era um grande desafio para as montadoras que ensaiavam seus primeiros passos no Brasil. O raro quadro abaixo, ilustra perfeitamente o processo de nacionalização do Jeep, que durou dois anos, de julho de 1958 até julho de 1960.
Novos tempos
1960, ao que parece, é realmente o grande ano da Willys, que inaugura a primeira fábrica de motores do Brasil, a Willys Overland Motores, localizada em Taubaté/SP. Eram tempos de revitalização da indústria nacional, do progresso, do nascimento de Brasília. O ufania nacional era geral. E a Willys Overland era a grande vedete do automobilismo nacional.
Para um país sem tradição automobilística, a produção da Willys foi considerável. De 1957, início da fabricação dos Jeep no Brasil, foram produzidos 122620 veículos, o que dá uma média anual superior a 24 mil veículos. Mais especificamente, em 1957, quando o carro não era 100% nacional: 9.291 carros. Em 1958, chegou-se a 14.322 carros; em 1959, 18.178; em 1960, 19.514; e finalmente, em 1961, 61.305 unidades.
A média de produção era excelente, mas havia a necessidade de se atender com mais agilidade ao ávido mercado de utilitários. Por esse motivo que a Willys Overland montou uma fábrica em Jaboatão, em Pernambuco, inaugurada em 14 de julho de 1965. O Jeep que sai das instalações de Pernambuco, tem as portas confeccionadas em madeira e recebe o carinhoso apelido de chapéu de coco.
O ano da virada
Em 1967 o Brasil conhecia os primeiros sintomas da globalização que hoje domina as manchetes da indústria automobilística: em uma manobra jogada ágil e inteligente, a Ford compra a Willys, e exibe interesses em galgar posições mercadológicas. Naquela época, a Renault francesa era sócia da Willys brasileira junto com a Kaiser Corporation, que também havia comprado a marca Jeep nos Estados Unidos. Após varias negociações, a Renault acabou ficando com a IKA “Industria Kaiser de Argentina”, comercializando a Willys brasileira com a Ford, que adquiriu 48% das ações da Willys. O negócio foi fechado em 15 de outubro de 1967.
A Ford sabia o que estava fazendo: além de continuar fabricando toda a família Jeep – CJ-5, CJ-6, Rural e F-75 -, ficaria com o domínio do ambicioso “projeto E”, conhecido pouco tempo depois como Corcel. Em 27 de outubro de 1969, a união das duas empresas culmina no nome Ford/Willys do Brasil.
Em 18 de março de 1971, a Ford transfere a produção da F-75 e da Rural, para suas instalações no bairro do Ipiranga, em São Paulo.
Em 30 de maio de 1972, a Ford muda o nome de Ford/Willys do Brasil, para Ford do Brasil. A produção segue sem maiores alterações, até que em 11 de julho de 1975 é introduzido o motor Ford Georgia OHC de 4 cilindros nos utilitários Rural e F-75, que em conjunto com o câmbio de 4 marchas sincronizado, utilizado desde o fim dos anos 60, torna os utilitários mais leves e econômicos. Em 15 de outubro de 1975, o Jeep também começa a ser equipado com esse motor.
Em 22 de outubro de 1975 a Ford alcança a marca de 500.000 utilitários produzidos – contando obviamente com a produção da Willys, com uma Rural 4 cilindros e tração 4×4. Em 25/04/1978, o Jeep atinge o número de 200.000 unidades produzidas.
O Final
Em toda sua história brasileira, o CJ-5 recebeu três tipos de motores. O “Hurricane” americano, de 4 cilindros, 2.198 cm3 e 70 hp até 1959; o 6 cilindros BF-161, de 90 hp a 4.000 rpm e 2.600 cm3 de 1959 até 1975 e, a partir de 1975, os motores Ford OHC 2.300 de 83 hp a 4.600 rpm e 2.600 cm3, a gasolina. No final de 1982, é lançada a versão a álcool do motor OHC. Além dos CJ-5 (U-50 na era Ford), foram fabricados também os modelos CJ-6, de chassi alongado, mais conhecidos como Bernardão, de duas e quatro portas.
O sinal dos tempos porém, se fez presente, e o velho Jeep ficou obsoleto. Com o surgimento de novas tecnologias, processos de montagem mais ágeis, e principalmente com o aparecimento de carros mais modernos, o Jeep teve sua produção encerrada em abril de 1983. Suas aventuras continuam sendo vividas pelos seus proprietários em um país fora-de-estrada como o nosso, mas o seu espaço na indústria automobilística foi, enfim, ocupado por projetos mais práticos e menos românticos.
Hoje o nome Jeep é mais forte do que nunca, com a recente volta de uma fábrica no País (Goiana, em Pernambuco) e o mito é mantido por milhares de admiradores, que não medem esforços para manter os 4×4 antigos, em perfeito funcionamento. O Jeep continua sendo um veículo perfeito para quem quer conhecer os lugares inexplorados de nosso país. O engraçado é que foi por essa mesma razão, que os Jeep vieram para cá. Manter vivo esse conceito é um dos tesouros da marca.
Curiosidades jipeiras
Em 1966, os Jeep começam a sair de fábrica com o número de chassi do lado direito (sempre para quem está dentro do carro). É por esse motivo que muitos proprietários de Jeep não encontram o número estampado em seus Jeep, fabricados em anos anteriores.
Em 1966 a Willys passa a oferecer os seus veículos com a primeira marcha sincronizada. Até então, a primeira marcha era “seca”, ou seja, não possuía engrenagem sincronizada na primeira marcha.
O “Bernardão” também era chamado de 101, pois a distância entre-eixos desse Jeep era de 101 polegadas.
Nomes técnicos
A fábrica usava numerações cada modelo:
CJ-5 5124 4×2 02 portas
CJ-5 5224 4×4 02 portas
CJ-6 6224 4×4 02 portas
CJ-6 6224 4×2 02 portas
CJ-6 6225 4×4 04 portas
Rural 8126 4×2 02 portas standard
Rural 8222 4×4 02 portas standard
Rural 8322 4×2 02 portas luxo. Suspensão independente
Pickup 9121 4×2 02 portas standard
Pickup 9221 4×4 02 portas standard
Pickup 9321 4×2 02 portas luxo. Suspensão independente.
Pickup 9521 4×4 02 portas standard Diesel (Perkins)
Pickup 9621 4×2 02 portas standard Diesel (Perkins)
Eu tinha um laranja 75 6 vc
Lembro me dessa foto em revistas de época….eu deveria ter a idade do garotinho da propaganda….kkkkk
Danilo Rosolia
Que delicia Deus abençoe e nossa senhora tbm abraço
Curto e tenho um
Ludmila Guerra; Evan Guerra; Senhorinha Guerra; Arthur Batista Martins Lott; Patricia Lott; Luiz Henrique Lott
André Luiz Maziero Regiani
Tenho 1, era do meu avô, foi vendido e compramos de volta.
Ai sim é carro p todo vida
Li uma matéria que voltará a ser fabricado no EUA.
No tempo de meu pai, toda auto-escola ensinava a dirigir num Jeep. Depois que chegaram os fuscas, tudo mudou.
Marcus
Aí meu monstrinho passando pela quinta reforma
Queria eu encontrar um bom, pra passear na roça nos fds
Tive um 1975, 6 cilindros e 3 marchas, convertido posteriormente para o 4 cilindros 2.3litros e 4 marchas. Ficou muito bom.
Olha ele aí depois da reforma… Coloquei servo freio do Galaxie Rodas Mangels 6″x 6″, Santo Antônio e cinto de três pontos. Tudo isso em 1984!!!
LEGAL MESMO
Sou apaixonado por jip antigo
Marcelo Kopitar
jeep. inconfudivel
Sempre top
Eu dava uma bica no viado q ta com o pé no banco kk!
Pensei o mesmo !
não há reclamação !
às vezes tenho saudades do vermelhinho……
Dica: revistas sobre 4×4 para download:
http://www.4shared.com/folder/25xxw5X9/Revistas_sobre_veculos.html