Túnel do tempo: Jeep M170 no Brasil

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Você se lembra desse Jeep?

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Poucos veículos militares americanos como este M170 1962 – localizado em Florianópolis, SC, há mais de 10 anos – aportaram por aqui. Se você tem do paradeiro dessa máquina, entre em contato!

Por James Garcia
Fotos Artur Gayer e Cesar Luciano Brinhosa

Eis aqui um autêntico M170 norte-americano. É claro que existem diferenças e semelhanças com o nosso CJ6 “Bernardão”, mas a origem de todos é a mesma: o M38A1, o modelo inovador que deu origem a todos os Jeep citados acima e que concretizou definitivamente a fama do mais famoso 4×4 do mundo. À saber: o M170 é um M38A1 com chassi alongado.
O sucesso do M38A1 nas forças armadas foi tamanho que a Kaiser, proprietária da Willys desde 1953, decidiu em 1955 fabricar um Jeep civil visualmente igual ao militar.
O CJ-3B – conhecido por aqui como “Cara de Cavalo” – não agradou o público. Por isso, a Willys lançou em 11 de outubro de 1954 o CJ-5, fabricado por mais de trinta anos.

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Do M38A1 nasceu o mutante M170, que originou no mercado civil a versão CJ-6. Feito para ser usado como carro-ambulância, o M170 era 44 centímetros mais longo que seu irmão menor e podia transportar três feridos em macas ou seis pessoas sentadas. Foram produzidos cerca de 4 mil carros como este no período entre 1953 e 1962, o que faz com que seja um carro um tanto quanto raro. Certos detalhes ajudam a distinguir o M170 do CJ-6. Os faróis dianteiros foram instalados mais para dentro da grade do mesmo modo que os carros da Segunda Guerra e ele ganhou um porta-luvas ao lado esquerdo do motorista. Outro detalhe visível é a caixa de rodas traseira em formato redondo e o vão existente no capô para a instalação do snorkel. O sistema elétrico – como de praxe na época – é de 24volts.

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Por acaso…

O comerciante catarinense César Luciano Brinhosa nem imaginava que este “Bernardão” americano um dia seria seu, principalmente sabendo que o ex-proprietário já havia investido R$ 30 mil na reforma do carro. Mas como a vida é cheia de surpresas e o destino a ninguém pertence, um belo dia Brinhosa se viu com a raridade nas mãos e o melhor, novo em folha. O Jeep foi tão bem restaurado que muitos pensam se tratar de um carro zero km. Todas as partes do Jeep foram completamente desmontadas, consertadas ou substituídas e colocadas de volta no lugar. Câmbio, caixa de transferência, guincho, grade, painel, bancos, porta-estepe, caixa de ferramentas, luzes de black-out, painel de instrumentos foram mantidos com as características originais. A carroceria teve 99% por cento de seus detalhes intactos.

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A maior mudança estética foi a troca da cor verde militar pelo vermelho Ferrari, que realçou ainda mais os detalhes da carroceria.

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Na parte mecânica o que surpreende é o “novo” motor Tornado 230!

Como o propulsor original Willys Hurricane de quatro cilindros e 74 cavalos estava danificado e havia a intenção de substituí-lo por outro mais forte, uma ótima – porém trabalhosa – ideia foi adotada. Optou-se pela instalação do motor da picape Kaiser M715 – modelo Tornado 230, com seis cilindros e 140 cavalos. O que realmente ajudou a equilibrar a nova “cavalaria” com o câmbio de três marchas e os pneus 35 x 12,5 x 15 da BFGoodrich foi a substituição da relação de diferencial 5.38 (43×8) por 3.92 (47×12), original dos Ford Galaxy e Willys Itamaraty. Com isso o carro ficou muito ágil, respondendo bem ao acelerador. O proprietário diz que em primeira marcha o Jeep alcança por volta dos 70 km/h e chega aos 160 km/h de velocidade final.

Para que este motor – bem maior que o original – pudesse ser acomodado no Jeep, foi necessário refazer toda a parede corta-fogo. Para segurar este Jeep a fera, foram instalados freios a disco e sistema hidrovácuo da picape Chevrolet D20, assim como tambores maiores na traseira. Devido ao peso do motor, a suspensão dianteira teve de ser reforçada com peças do Toyota Bandeirante. Atrás o sistema foi mantido original, mas jumelos maiores foram instalados em todos os feixes. Para melhorar a dirigibilidade, foi instalada uma caixa de direção do VW Passat, que tornou a direção leve e ao mesmo tempo firme e sem folga. O interessante neste 4×4 é perceber como o “novo” mistura-se harmonicamente com o “antigo” nesse magnífico exemplar da dinastia Jeep.

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Ficha Técnica
Jeep M170 Truck Ambulance Front Line Militar com motor Kaiser Tornado seis cilindros

Origem: Toledo Ohio USA
Ano de fabricação: Fevereiro de 1962
Motor: Kaiser Tornado 230, dianteiro, longitudinal, seis cilindros em linha
Cilindrada: 3800
Potência máxima líquida: 140 cv
Alimentação: carburador simples DFV
Combustível: gasolina
Refrigeração: água, duas ventoinhas (direita original + automática apoio)
Transmissão: tração 4×2 com opcional para 4×4, através de caixa de transferência Willys
Câmbio: Willys manual de três marchas + ré
Relação de marchas: 1ª marcha: 3,339:1, 2ª marcha:1,1551:1, 3ª marcha:1,000:1,Ré: 3,798:1
Relação de diferencial: 47×12 (3.92:1)
Suspensão
Dianteira: eixo rígido, feixe de molas reforçado, amortecedores do Toyota Bandeirante e jumelos Dumper
Traseira: eixo rígido, feixe de molas, amortecedores do Toyota Bandeirante, jumelos Dumper e barra estabilizadora original
Freios
Dianteiros: a disco, com servo-freio
Traseiro: tambor
Direção: Caixa de direção do Passat
Rodas: 15×10 Mangels
Pneus: 35 x 12,5 x 15 BFGoodrich
Sistema elétrico: 24V com bobina selada dentro do distribuidor. Luzes e lanternas militares originais
Acessórios
Guinchos
Dianteiro: mecânico original
Traseiro: polia com tomada de força original

Obs: Fotos realizadas na Praia da Joaquina, SC. Agradecimentos à Policia Militar.

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